A origem da atual cidade do Coral das Lavadeiras remonta ao ano de 1811, quando o alferes Julião Fernandes Leão, a mando da coroa portuguesa, instalou quartéis de vigilância no Baixo Jequitinhonha, com o pretexto de impedir o contrabando de ouro e diamante pelo rio, naquela época navegável e única via de acesso ao litoral. Mais do que isso, o governo do Brasil-colônia intensificava a ocupação do interior do país e um dos maiores obstáculos eram os povos indígenas, principalmente os botucudos e seus parentes, os maxakali, malali e makuni, dentre outros, que resistiam bravamente à tomada de suas terras.
Com a criação dos quartéis de São Miguel, da Água Branca, da Vigia e do Salto Grande, lideranças indígenas como Jano-é, Tujicarama e Joahima acabaram sucumbindo à força avassaladora dos colonizadores. A exuberante floresta atlântica que cobria toda a região também foi criminosamente dizimada. Em seu lugar surgiram as grandes fazendas para a criação de gado. Os primitivos quartéis se transformaram nas atuais cidades de Jequitinhonha, Joaíma, Almenara e Salto da Divisa, respectivamente.
O antigo distrito de São João da Vigia emancipou-se de Jequitinhonha em 1938, alterando a sua denominação para Almenara, palavra árabe que significa “farol, torre de vigilância para os navegantes”, mantendo coerência com a sua origem.
Almenara conta, atualmente, com quarenta mil habitantes. Grande parte é formada de pessoas pobres, migrantes da zona rural e de outras localidades, em busca de melhores condições de vida. Apesar da crise econômica que assola o país, e o Vale do Jequitinhonha em especial, é uma das cidades mais prósperas da região e importante pólo irradiador de bens e serviços, juntamente com Diamantina e Araçuaí. O Rio Jequitinhonha, mesmo assoreado, contribui para a beleza natural da cidade. O plantio de café e a criação de gado bovino ainda são as principais atividades econômicas. Porém, a maior riqueza, além do rio, é o seu próprio povo, caloroso e hospitaleiro, sempre aberto a um dedo de prosa.
O município tem escolas de l.º, 2º e 3º graus, rádio, jornais, aeroporto e internet. As principais festas são a micareta (carnaval temporão no mês de janeiro, durante as comemorações do aniversário do município), as festas juninas e a exposição agropecuária regional, no mês de julho, que atraem milhares de visitantes. A cidade conta com uma razoável rede hoteleira. Mesmo sem um programa definido de apoio às manifestações artísticas e culturais, conta com três corais: o Coral de Almenara, mais antigo, o Coral das Lavadeiras e o Coral da Igreja de São João Batista, além de grupos folclóricos como o de D. Maria do Bode, que sobrevivem à custa de muito sacrifício e abnegação pessoal.
As belas praias fluviais, as corredeiras do Ribeirão das Águas Belas, o Morro do Cruzeiro com sua rampa para saltos de asa delta e parapente (considerado pelos aficionados como um dos melhores pontos do Brasil para a prática do vôo livre), as doceiras, bordadeiras, biscoiteiras, pequenos fabricantes de uma cobiçada cachaça e artesãos como João Cipó, Zé do Balaio, Jumária e Magela Albuquerque, dentre outros, contribuem para que Almenara alcance a sua vocação natural para o turismo cultural e ecológico.