Lavadeiras
Carlos Farias – Coordenador do Coral das Lavadeiras
Cantor, compositor e produtor cultural, Carlos Farias nasceu em Machacalís – MG, ao lado da aldeia dos índios Maxakali. Participou de festivais, desenvolveu pesquisas etnomusicais e contribuiu decisivamente na criação do Coral das Lavadeiras, na cidade de Almenara, em 1991. Atua como regente e coordenador do coral, sendo co-responsável pela projeção alcançada pelo grupo, em todo o país.
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[citem title=”Adélia Barbosa da Silva” id=”citem_51″ parent=”collapse_74″]
É baiana de Itanhém, cidade banhada pelo rio do mesmo nome. Nasceu no dia 24 de dezembro de 1939. Tinha poucos anos de vida quando os pais se mudaram para o município de Almenara. Logo se separaram e ela teve de ajudar a mãe na roça. Aprendeu a plantar feijão, milho, mandioca, a fazer doce, farinha, biscoito, beiju, pamonha, mingau, licor de genipapo e a lavar roupa. Tudo isso na Fazenda Despensa, de propriedade do seu padrasto. “Ela tinha esse nome porque tudo o que a gente plantava dava”. Das lembranças dessa época, guarda os versos de uma cantiga entoada pela mãe, Honorina Barbosa: “do lado de lá tem um coronel / se pedir eu dou a pedra do anel…” Da avó Maria se lembra dos seguintes versos: “adeus Corina que eu já vou embora / levo pena e deixo pena nas asas da siricora…” Aos 15 anos passou a lavar roupa “pra fora”. Viúva aos 39 anos (o marido morreu afogado no Rio Mucuri) participou da criação do coral das lavadeiras. Atualmente, preside a ASLA – Associação Comunitária das Lavadeiras de Almenara. Considera que “saúde, diversão, novas amizades, renda…” são bênçãos alcançadas com a sua participação no coral.
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[citem title=”Ana Isabel da Conceição” id=”citem_3″ parent=”collapse_74″]
Nasceu em 13 de junho de 1949 no distrito de Jeribá, município de Palmópolis – MG. Casou-se aos 14 anos, com Justino Veríssimo dos Santos. Passou a infância trabalhando na roça, plantando feijão, arroz, mandioca. Tal qual os trabalhadores rurais, cortava lenha, fazia farinha. Era uma vida muita dura. Começou a lavar roupa com dez anos de idade, numa casa de família. Casou-se aos 14 anos, com Justino Veríssimo dos Santos. Mudavam constantemente de fazenda, em busca de trabalho. Teve 13 filhos e criou mais dois. Tem 14 netos. É viúva há 14 anos. Aprendeu as cantigas populares ouvindo os avós, cantadores de folia de reis. Está no coral desde a fundação. Adquiriu um novo ânimo a partir desse trabalho. “fiquei mais esperta, cheia de saúde e sabedoria … Carlos Farias é um anjo da guarda.. uma pessoa maravilhosa que apareceu na nossa vida e na minha vida em especial”.
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[citem title=”Emília Maria de Jesus” id=”citem_93″ parent=”collapse_74″]
É a mais velha do grupo. Nasceu no dia 10 de março de 1934, em Almenara. “Já fiz de tudo nesse mundo de meu Deus…mas a mió coisa foi entrar pro coral, poder viajar com as minhas colegas… Inté minha saúde miorou…”
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[citem title=”Juraci Lima da Siva” id=”citem_88″ parent=”collapse_74″]
Nasceu no dia 23 de janeiro de 1944, na fazenda Jacarandá, em Jordânia – MG. Criada pela mãe, a parteira e rezadeira Sá Dionísia, até aos seis anos, quando foi morar com Dona Delorita Figueiredo, nas Farinhas. Lá aprendeu a lavar, passar, cozinhar. Casou-se aos 13 anos, mas o marido “saiu pra caçar e nunca mais voltou”. Retornou para a casa da mãe. Passou a trabalhar na roça: “colhia os mantimentos e levava pra vender na rua… comprava roupa, perfume… Costurava para os meus irmãos, lavava para Dona Filomena, lá no Pedro Perdido”. Apesar da luta, a mãe era uma mulher muito alegre, gostava de cantar e de rezar. Com ela aprendeu a extraordinária canção “palma do rio”, gravada no Cd “AQUA”. Contraiu novo casamento aos 18 anos, com Joaquim Feliciano. Foram para Almenara e criou as filhas lavando roupa na córrego São Francisco. Com a construção da lavanderia no Bairro São Pedro, passou a lavar na sombra, com mais sossego. Tem sete netos. Teve participação ativa na criação do coral. “Através da música, tudo melhorou: minha saúde, meus rendimentos, fiz muitos amigos e sou reconhecida no Brasil inteiro”.
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[citem title=”Miriam Fernandes Pessoa” id=”citem_90″ parent=”collapse_74″]
Nasceu no dia 08 de julho de 1950 em Almenara. Ajudava o pai (Zé Pessoa), lavrador, pegando em foice, machado, enxada. Ele tocava tambor e costumava levar os filhos nas festas. “O facão bateu embaixo, a bananeira caiu / cai, cai bananeira…foi uma das cantigas que Miriam aprendeu com ele. Teve 14 filhos, em dois casamentos. Já é bisavó. Lavar roupa foi uma das opções para a sobreviver. A construção da lavanderia comunitária, em 1991, facilitou a sua vida,. Deixou a beira do rio Jequitinhonha e passou a trabalhar na sombra, com mais conforto, junto com outras colegas. A formação do coral, a gravação dos discos e os shows contribuíram para diminuir as suas dificuldades econômicas. A música para ela é um grande divertimento e fonte de novas amizades. Miriam tem uma voz belíssima, sendo uma das solistas do grupo.
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[citem title=”Santa de Lourdes Pereira” id=”citem_38″ parent=”collapse_74″]
Nasceu na zona rural do município de Jordânia – MG no dia 14/12/1940. Nas idas e vindas pelas fazendas aprendeu a cozinhar, lavar roupas e até rezas e simpatias. Integra o coral desde a fundação. Graças ao trabalho na lavanderia pode ajudar o marido a criar os filhos e netos. Além de perder a mãe, Dona Liolina, Santa ficou viúva em 2007. Participar do coral tem sido a sua maior fonte de saúde e alegria para enfrentar os dissabores da vida. Ela é muito procurada pelos vizinhos para receitar chás caseiros e fazer benzeções.
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[citem title=”Teresa Fernandes de Souza Novais” id=”citem_34″ parent=”collapse_74″]
Nasceu no povoado da Conceição, município de Jacinto – MG, no dia 05 de outubro de 1955. Ainda menina, acompanhava a mãe, Ana Batista, até a beira do Córrego do Bu. Com ela aprendeu a desencardir a roupa da família, usando sabão-de-coada, folhas de mamão e gameleira. Pescava, areava as panelas de barro, punha a roupa para quarar, ao sol. Aos 12 anos já lavava toda a roupa da casa. De noite recolhia cedo, depois de rezar. Com a mãe e os avós aprendeu orações contra mau olhado, quebranto, estancação de sangue, erisipela, dor de cabeça, dor de dente, cobreiro e outros males. A mudança para Almenara, em 1989, possibilitou o encontro com as demais lavadeiras e a posterior formação do coral, em 1991. “Minha vida mudou completamente. Melhorei até o meu jeito de viver com as pessoas, com os filhos… não dependo mais do meu marido… Pude até fazer minha casa”.
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[citem title=”Sebastiana Dias Siva” id=”citem_69″ parent=”collapse_74″]
Nasceu na fazenda Córrego da Onça, em Almenara, no dia 20 de janeiro de 1959. Perdeu a mãe aos 10 anos e “sofreu muito” para ajudar o pai, Silvério Barbosa, a criar os cinco irmãos. Puxava enxada, lavava roupa, cozinhava e assistia os festejos comandados pelo avô Isidoro: batuques, contradanças, folia de reis, rezas, terços… Tudo isso constitui as suas melhores lembranças. Casou aos 19 anos e passou a lavar roupa, para ajudar nas despesas da casa. Tem seis filhos e um neto. A participação no coral lhe trouxe muitos benefícios, dentre eles a superação da timidez.
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[citem title=”Valdenice Ferreira Santos” id=”citem_2″ parent=”collapse_74″]
Ela tem 55 anos. Nasceu nos Quati, zona rural do município de Almenara, no dia 15 de novembro de 1952. O avô, Felício Caetano, plantava arroz, cana, jaca, banana, café. Era a terra da fartura. Seus pais, Josino e Pascoalina, mudavam constantemente de uma fazenda para outra, em busca de trabalho. As novenas, as festas de São João, os reisados, os batuques e contradanças contribuíram para a sua formação musical. Valdênia Lavadeira, como gosta de ser chamada, é uma das principais integrantes do Coral das Lavadeiras. Da labuta na roça e da beira do rio trouxe grande parte das canções entoadas pelo grupo. Nas palavras da sua colega Juracy Lima “ela é um verdadeiro pé de música”. Negra, lavadeira, viúva, “lutadora e cantora” como ela mesmo costuma dizer. Com a força dos braços criou os quatro filhos. Ultimamente, com o talento pessoal e a beleza da voz, está ajudando a criar os 13 netos. “O coral para mim é uma escola, é a minha formatura… me ensinou a viver”. Dotada de um mezzo soprano natural e belíssimo, Valdênia arrebata o público com o seu jeito de princesa africana e forte personalidade.
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