Belo Horizonte, 04 de maio de 2002

Ao
Carlos Farias
Capital
Prezado Carlos Farias,

Ainda sob a emoção da apresentação de ontem do Coral das Lavadeiras de Almenara, gostaria de lhe agradecer a homenagem e o diploma. Mas, na verdade, o que sinto é que eu, como mineira, é que tenho que lhe agradecer pelo seu trabalho incansável na preservação da nossa cultura. Posso imaginar como foi difícil para você recolher as músicas, arranjá-las, montar o conjunto musical, procurar patrocínio, ensaiar com as lavadeiras e, finalmente, produzir um disco de excelente qualidade musical e gráfica.

O seu carinho com as lavadeiras é que produziu o efeito desejado. Acho que outro não conseguiria. Você tem a sensibilidade perfeita para tratá-las com respeito e com autoridade. E elas respondem cantando tão bem e com tanta alegria. Por outro lado, o seu talento atinge o público do começo ao fim.

O show de lançamento foi um espetáculo comovente, levando a platéia ora às lágrimas, ora ao riso, pela espontaneidade das lavadeiras e pela condução da apresentação das músicas, coisa que você faz com conhecimento e de maneira muito natural.

Convidei músicos eruditos e também um importante professor de técnica vocal da Califórnia, EUA. Todos eles ficaram realmente sensibilizados e encantados com o seu trabalho. O maestro e professor americano analisou o canto das lavadeiras, dizendo que as mulheres simples da Rússia e da Polônia também cantam da mesma forma, com a voz de peito e um pouco gutural. Eu mesma já as havia comparado com as vozes búlgaras. O americano concordou. Ele filmou o show e vai levar para os alunos e seu coral verem. “O importante”, disse ele, “é a emoção que elas transmitem, pois o canto vem da alma”.

Assim, Carlos, saiba que organizar o lançamento do disco foi uma honra e uma alegria para todos nós do BDMG Cultural.

Um grande abraço e parabéns pelo sucesso.

Marília Salgado
Presidente do BDMG Cultural